A internet, o jornalismo e o cidadão
Seguindo aqui o assunto puxado pelo Viktor sobre o futuro do OhMyNews International, vou explorar um assunto que parece não ter fim.
Palco de inúmeros textos, artigos, entrevistas e reportagens sobre o assunto, o Observatório de Imprensa mais uma vez trouxe à tona o debate sobre a apropriação do jornalismo por cidadãos não graduados. Foi ao ar na TV Brasil, na terça-feira, um programa que abordou a história de Rene Silva Santos, que já havia sido tema de matéria no O Globo na semana passada.
O garoto é morador da comunidade do Alemão e faz o jornal Voz da Comunidade, que já tem 2 mil exemplares e publica, mobiliza e articula por meio do twitter.
Esse debate, tema de uma de nossas oficinas e da monografia do Viktor Chagas, é ultra polêmico – por algumas razões, polÃticas e conceituais.
De um lado, sindicatos e entidades corporativas, em nome da defesa da categoria (será que isso defende mesmo?) e do emprego formal e qualificado, dizem que a democratização da comunicação é bacana, mas isso não é jornalismo. E que a mÃdia precisa de jornalistas qualificados, formados, com diploma, para que a sociedade tenha informação de qualidade e para a melhor organização da categoria.
De outro, acadêmicos questionam o conceito de “cidadão” (por que seria cidadão o jornalismo feito descentralizadamente? O que o torna de fato cidadão?). (Viktor conhece mais sobre o debate interno da academia).O programa de Dines preferiu utilizar o termo ‘jornalismo participante’.
Experiências de jornalismo cidadão por algumas empresas da mÃdia tradicional causam polêmica e desconforto quando há total cessão dos direitos autorais, quando parecem ser apenas “para inglês ver”, quando são interpretadas como forma de obter pautas e conteúdos bons, sem remuneração ao autor, em benefÃcio privado.
Por outro lado, no cômputo geral, podemos avaliar que a maior partipação de leitores e usuários de internet nos veÃculos está dando a eles a oportunidade de conhecer opiniões distintas das supostamente existentes? Podemos avaliar que hoje o jornalista e o jornal têm acesso a uma maior diversidade de fontes e opiniões? Isso se dá também por meio desses canais?
O que será que reserva o futuro do jornalismo cidadão, comunicação colaborativa, jornalismo participante ou que nome venha a ter no Brasil? O OhMyNews, pioneiro em repórter cidadão, vai virar uma espécie de Observatório da Imprensa, relativamente antigo e já tradicional veÃculo de debate sobre a mÃdia? Veja como são as coisas: a notÃcia é digna de nota por bom e velho Dines também.